A Reforma Política sem arroubos I Jornal Tribuna Ribeirão - Carlos Biasoli
Muitas crises provocam a consciência e geram consensos, infinitamente é na ruptura que caminhamos enfrentando a mesmice. Pois bem, desde a última eleição ficou evidente que o modelo político nacional necessitava de uma reforma. De líderes partidários a colunistas de jornais, todos clamam pela reforma política, sim ela.
Já falei tantas vezes que soa maçante, mas acho que sempre vale a pena repetir, a democracia é um processo e não um fim, portanto, a democracia salvaguardando as liberdades individuais, sobretudo, o que está na letra da constituição, pode e deve sofrer ajustes. No entanto, do que ouço e leio por aí, confesso que a súcia de julgar tudo e modificar todo o modelo me causa arrepios. Até mesmo de líderes quais respeito, ouvi e li com receio o que pode vir por aí. Todos, mídia e sociedade devem entrar no debate. Pois bem, propostas como o voto em lista defendido pelo PT que aumentaria o caciquismo partidário; ou o voto distrital misto proposto pelo PSDB, essa bagunça; ou o “distritão” propostos pelo PMDB como uma antídoto anti-Tiririca, que pode ser justamente o patrocinador de tiriricas locais matando o representante de classe: o deputado do sindicato, do movimento LGBT, dos advogados; a deputada que tem como bandeira o combate contra à violência contra a mulher, bandeira pra toda sociedade que não é restringida geograficamente. Evidente que deve existir o deputado que amplia a representatividade de sua região, assim como deve existir outros, é da democracia os iguais e contraditórios conviverem. O Senado Federal vota nesta semana o fim do voto proporcional para vereadores e deputados em cidades com mais de 200 mil habitantes. Somado isso a cláusula de desempenho, que diminui verbas do fundo partidário e tempo de televisão para partidos que não conseguiram um mínimo de votos por estado, resolvemos 70% da reforma política. Pois, praticamente acabaríamos com os partidos de aluguel. Sobrariam de 6 a 8 partidos no Brasil, o que não engessaria como o bipartidarismo americano mas também nos tiraria do atoleiro de mais de trinta partidos. Questões como o financiamento de campanha e a periodicidade das eleições são temas que abordarei no próximo artigo. Ate lá.
*Carlos Biasoli é Colunista dos Jornais Tribuna Ribeirão e Radar News, Escritor e Cientista Político. E-mail: carlosbiasoli@hotmail.com