“Equi donati dentes non inspiciuntur” – Os voluntários e sua campanha eleitoral

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É de fundamental importância que haja voluntários em uma Campanha Eleitoral.  É até bonito de ver uma campanha cheia de gente, com muitos apoiadores, todos tirando fotos com o candidato, colocando adesivos nos carros, cantando o jingle... Obviamente não se pode generalizar, e há voluntários com as mais variadas qualidades e intenções. Porém, existe alguns cuidados que devem ser tomados.

1 - Uma campanha eleitoral profissional NUNCA é feita 100% por voluntários (e também não 100% de profissionais).  Sempre há tarefas na campanha em que os voluntários devem  ser preferencialmente substituídos por profissionais. Obviamente, essas funções dependerão do orçamento da campanha. Posso citar, por exemplo, a consultoria política, a consultoria jurídica, a criação de artes, a distribuição de materiais (pelo menos parte dos materiais), a coordenação geral da Campanha (que necessita de atenção 24 horas), a assessoria de imprensa e o monitoramento de redes sociais como segmentos que devem ser acompanhados por profissionais e não voluntários.

2 - Pode parecer meio duro dizer isto dessa maneira, mas existem pessoas que SEMPRE estão disponíveis 'gratuitamente' nos períodos eleitorais, com 'vasta' experiência em campanhas,  cada ano por um candidato diferente, e possuem inúmeras qualidades, sabem todas as notícias sobre todos os candidatos, segue a maioria pelo Facebook.  Você já se perguntou o porquê isso ocorre? Você já procurou saber o que essa pessoa faz para viver? Você já se perguntou qual o motivo de essa pessoa não participar efetivamente de nenhum grupo político? Não ter nenhum trabalho na iniciativa privada? Pesquisa com seriedade e tire suas conclusões lembrando que cada caso, é um caso.

3 - O Voluntário, muitas vezes não se percebe como uma pessoa que faz parte de um conjunto na campanha. Ele se percebe como 'amigo' do candidato. Inicia-se então uma disputa de egos para ver quem é o 'mais' amigo. Cria-se uma rede de ciúmes e sabotagens que podem levar à derrota eleitoral.

4 - Como não se paga nada ao voluntário, é muito mais difícil questionar seu empenho na campanha, cobrar por resultados. Dependendo da maneira como isso é feito, ele pode perceber-se desmotivado e abandonar a campanha. Vai ser difícil substituí-lo em meio à campanha. Lembre-se que  lidar com voluntário é diferente que lidar com funcionário. Campanha é mais Igreja e menos Empresa em relação à RH.campanha

5 - Cavalo dado, não se olha o dente. Isso se refere tanto à capacidade do voluntário para exercer a função designada (ou escolhida) quanto à qualidade do seu trabalho. Não adianta ter cavalo árabe para carregar peso, tampouco pangaré para exposição.

6 - Nem sempre o voluntário tem consciência que Campanha eleitoral é sinônimo de trabalho pesado!

7 - Não existe almoço grátis. Na vitória ou na derrota, prepare-se para pagar a sua conta. Isso não é uma regra, mas independente do resultado, você vai receber cobranças, de atenção, de cargos, de dinheiro e de outras coisas mais absurdas que só um ex-cabo eleitoral ressentido (ou mal agradecido) consegue pensar. Prepare-se para a chantagem.

O planejamento da campanha deve levar em consideração esses aspectos e,  determinar os espaços a serem preenchidos pelos voluntários, realizar treinamentos com toda a equipe (e também com os voluntários), para minimizar os conflitos de relacionamento, relembrando assim  a importância de cada um na campanha. Pague para que seja bem feito o básico, o essencial. Deixe a cargo dos voluntários, os trabalhos que, embora não menos importantes - não comprometam toda sua estratégia de campanha.

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